segunda-feira, 4 de julho de 2011

Não temos orégano, mas temos canela, serve?

Estava passeando pelo Centro do Rio de Janeiro, no início deste ano, quando me deparo com um sebo muito charmoso, resolvi entrar para conferir o lugar. Confesso que gostei. Pelas quatro paredes estantes com livros e mais livros, dava gosto de ver. Pensei, então, que, devido ao potencial do sebo, eu certamente encontraria um livro de um teórico de literatura chamado Wolfgang Iser. Enquanto olhava pelas estantes na parte de crítica literária um dos funcionários do sebo se aproximou com a velha frase “olá, senhor, poderia ajudá-lo”, aproveitei o embalo e perguntei “por acaso vocês teriam algum livro de Wolfgang Iser?”, em resposta, ouvi um sonoro e compreensível “quem?!”, repeti “Wolfgang Iser” e ele “espera aí que vou consultar”. Diante do computador, que faria a busca no banco de dados do sebo, o funcionário teve dificuldade para escrever Wolfgang, compreensível, dei-lhe uma ajuda soletrando o complicado nome. Pronto o computador iniciara a pesquisa que para meu desgosto não deu em nada. Não satisfeito, olhando para a tela, o vendedor anunciou “olha, nós não temos Wolfgang Iser, mas temos Wolfgang Mozart, serve?”. Respondi que não e fiquei pensando divertido, como assim, serve! É como entrar em um bar pedir uma cerveja e o garçom dizer que só tem café, serve? Claro que não, coisas distintas, enfim. Saí de lá sem Iser nem Mozart e segui a vida.
Em outra ocasião, não passado muito tempo, na capital de Vitória, Espírito Santo, entrei na modesta biblioteca do município a procura de um livro de poesia de Walt Whitman que me era necessário para um estudo. Diferente do sebo, que tem interesse comercial, ninguém se ofereceu para me ajudar, o que até foi mais agradável, contudo, não encontrei o livro que procurava e resolvi perguntar. Diante da funcionária indaguei “boa tarde, por acaso vocês têm aqui o livro de poesia do poeta Walt Whitman”, confesso que eu não sabia o nome do livro em questão, hoje sei e que, a propósito, foi seu único livro. Ela respondeu “Como?”, eu, “Whitman, Walt Whitman”, novamente ela, “como se escreve?”. Tudo bem, compreensível, soletrei “W-a-l-t W-h-i-t-m-a-n”. A funcionária, já digitando, disse “deixa eu ver pra você” e novamente do computador, após cruzar informações em seu banco de dados, veio a negativa, contudo, por algum motivo, olhando para a tela, ela resolveu não deixá-lo sem resposta e falou “bem, Walt Whitman nós não temos, mas tem Walt Disney, serve?”.  Não servia, não era nem meu sonho de criança.




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