quarta-feira, 15 de junho de 2011

Adultério esperto - o crime muito imperfeito ou como danar tudo de uma vez

                 Esse é mais um caso que parece real ou uma realidade que parece fingida, enfim.
                Aconteceu na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, com um homem, casado, que chamaremos Agenor.
Pois é, Agenor era casado há anos, e bem casado, achava ele, mas o tempo foi passando e nosso amigo queria viver novas aventuras. Fique claro, ele tinha uma vida estável, era bem resolvido financeiramente, funcionário público de carreira, comprometido com o emprego e o lar. Agenor sempre amou sua mulher e morria de medo de perdê-la. Por essas e outras, sua empreitada não seria fácil, mas plena de emoções, inclusive medo.
Onze da noite, saía Agenor pela cidade, no seu carro possante. Rodou por meia hora, até que encontrou duas mocinhas, provavelmente menores de idade, tomando uma cervejinha pela orla. Hesitou um pouco, ficou em dúvidas, porém logo seguiu em frente e decidiu abordá-las:
               Olá, posso sentar com vocês? Pagar uma cervejinha? - disse.
                As meninas olharam para ele e sorriram:
                 – Claro, nós já “tava” saindo, mas se “quisé”. Me chamo Estéfany e essa é a Gigi.
Tremendo um pouco, Agenor sentou-se junto às garotas e pediu uma cerveja ao garçon que prontamente o atendeu. Na metade da garrafa, todos já estavam descontraídos, inclusive Agenor, que todo sorriso, mantinha as chaves do carro sobre a mesa e contava vantagens.
As meninas se interessaram, o homem tinha grana. Segunda cerveja, Agenor já levava a mão entre a coxa de uma delas, Estéfany, enquanto Gigi fazia movimentos nervosos com a língua querendo insinuar qualquer coisa a ele. Agenor hesitava menos:
Escute meninas, que tal se pegarmos um motelzinho, tudo por minha conta, incluindo vocês?
Tá bem, diz Estéfany, mas “vamo” “terminá” a cerveja.
Terminaram e partiram para o motel: próximo à orla, pois nosso herói não perdia mais tempo. Ao chegarem, todo o conforto... muitas carícias... Agenor estava feliz e eufórico, pois as duas garotas lhe agradavam, gostava da juventude em seus rostos. As meninas, por sua vez, se divertiam com a possibilidade de tirar algum proveito daquele homem com cara de importante.
Que tal se a nós “ir” todos pra a banheira, propusera Gigi, “tomá” um banho bem gostosinho?
Eu topo, respondeu a outra.
Sim, ótima ideia! Nós três na banheira nuzinhos, responde excitado Agenor, que ficou muito empolgado ao ver as meninas em pelo, pois lhe agradava a carne tenra de uma e os seios pequeninos da outra. Sem hesitar nem um pouco, retirou ele rapidamente sua roupa e correu à banheira, que as meninas já estavam enchendo. Veio então o primeiro golpe, Agenor, que não contava com a sorte, levou um belo escorregão e caiu de uma só vez no chão, quebrando a perna.
Gritos de dor e horror, a diversão acabou ali. As meninas aterrorizadas, Agenor acidentado, muito sangue e uma perna quebrada. Ligaram para a recepção que rapidamente providenciou o socorro. A ambulância chegou rapidamente, os enfermeiros se preparavam para levar nosso herói na maca, quando foram interrompidos pelo gerente do estabelecimento que disse ao Agenor:
Senhor, me desculpe, mas seu carro não poderá permanecer aqui, regras da casa. Você precisa levá-lo embora.
O desespero lhe tomou conta, Agenor não sabia o que fazer ante a dor e a pressão daquela proibição. “Com quem posso contar?” Ligar para a mulher, impossível, ela teria um troço, arranjar um amigo naquela hora, improvável. Solução:
Meninas, façam-me um favorzinho de levarem o carro ao hospital para mim.
Tá bem, respondem elas, no desespero de ajudar.
Saiu ele para o hospital e as garotas entraram no carro. A mais experiente tomou lugar ao volante, ambas nervosas, primeira tentativa de dar partida, o carro morreu, a segunda pegou, mas morreu novamente ao engatar a primeira marcha. Mais uma tentativa: sucesso! Com alguma dificuldade tiraram o carro do motel e dirigiram-se para o hospital. Enquanto seguiam em frente, já na estrada, discutiam sobre como chegar ao hospital em que seu Agenor estava internado. Não sabiam como. E no meio da discussão não viram o sinal fechando (surpresa e susto) bateram na traseira de outro carro. Confusão armada, a polícia chegou.
E quem estava dirigindo?
Eu seu polícia ... ó, nem vi ele “pará”!
Carteira de habilitação, por favor?
Quê?! Tem não! Que quê é isso?
              E quantos anos vocês tem?
Menores de idade. Elas, então, contaram todo o ocorrido ao policial, que, depois de encontrar o documento do carro no porta-luvas, não teve dúvida, descobrir em que hospital seu Agenor estava internado e lhe dar voz de prisão.
Ao fim, seu Agenor danou tudo de uma vez, pois quebrou a perna, teve que pagar uma boa fiança e ainda teria que responder perante a justiça por se envolver sexualmente com menores e deixar pessoa sem habilitação conduzir seu veículo colocando em risco a vida de terceiros. Além disso, teria que gastar não só com o prejuízo de seu carro, mas também com o táxi que as garotas amassaram. Fora evitar que as pessoas descobrissem tudo no trabalho, ele era funcionário público, cidadão de respeito e pegava mal tudo aquilo. Contudo, o pior foi ter que explicar a sua mulher, que fora lhe buscar na cadeia, como aquilo tudo aconteceu. Que situação a do Agenor!

domingo, 5 de junho de 2011

Protestar em Vitória é preciso

Quinta-feira, três de junho de 2011, em Vitória, capital do Espírito Santo, aconteceu um protesto contra o aumento da passagem e pelo direito ao passe livre dos estudantes, em que eles fecharam duas das principais avenidas do Centro dessa cidade, o que desarticulou ainda mais o problemático trânsito da Capital e chamou a atenção, mais uma vez, para a insatisfação com o transporte público.
O Governo do Estado, diante disso, teve que tomar uma postura e soltou os cachorros, digo, a polícia, para enfrentar os manifestantes que ocupavam as ruas. Resultado: tiros de borracha foram disparados (acertando quem estava e quem não estava participando do movimento) , bombas de efeito moral foram lançadas “no meio de qualquer um”, isso segundo contam algumas pessoas que por ali estiveram. E, além disso, foram presos mais de vinte cidadãos, com o detalhe que entre os presos tinham pessoas que não faziam parte do movimento.
Bom, usar munição sem saber em quem, atirar para onde o nariz aponta, é um sintoma, cômico, do despreparo dessa polícia, o que denota o descaso do Governo em realmente investir na qualidade de segurança, aliás, na qualidade de qualquer coisa, afinal, recentemente estavam em greve os professores desse Estado.
No dia seguinte, depois de muita crítica pelo excesso de força utilizado pela PM, o Governo resolveu mudar de atitude e liberar o protesto, coisa que na verdade já deveria ser feita, uma vez que tais manifestações são (deveriam ser) garantidas por lei, o que não inclui, é claro, dar permissão ao vandalismo de alguns.
Bem, sabemos que o Governo deve agir dentro da legalidade, o que muitas vezes não consegue. A vantagem para o Governo é que, quando ele erra, para garantir sua soberania, pode se apropriar indevidamente da legislação dizendo que agiu legalmente, pois, ao descer o pau nos manifestantes, afirma, ser em defesa aos direitos dos cidadãos.  De que cidadãos é que não sabemos, afinal, uma polícia que atira bombas no meio de qualquer um, não olha os interesses de cidadão algum, mas, sim, cumpre às cegas as ordens vindas de cima. Isso mesmo, afinal, a supremacia do Governo é garantida por lei e isso se faz por meio da força, que dizer da PM. Sabendo disso os governantes nem sempre são “legais” (no sentido da expressão “bacana”, “mó legal”, saca?), muitas vezes, o que vem a tona é o antigo autoritarismo, resquício do regime militar de que somos herdeiros, afinal, a polícia ainda é militar. E, podem ter certeza, se não fosse a postura crítica de alguns, o Governo Municipal ainda ditaria o princípo do descer o sarrafo em quem se opusesse; e isso, francamente, não é “legal, mora?”.
Pois é, no fim, foi tudo uma grande piada sem graça do Governo e a coisa mais séria que aconteceu foi o protesto, porque quando uma população está insatisfeita, o caminho natural ainda é esse, protestar, e, diante de tanta coisa errada e insatisfatória na cidade de Vitória e mesmo em todo o Estado, vide saúde pública, educação e transporte, o fato é que: protestar é preciso.