domingo, 5 de junho de 2011

Protestar em Vitória é preciso

Quinta-feira, três de junho de 2011, em Vitória, capital do Espírito Santo, aconteceu um protesto contra o aumento da passagem e pelo direito ao passe livre dos estudantes, em que eles fecharam duas das principais avenidas do Centro dessa cidade, o que desarticulou ainda mais o problemático trânsito da Capital e chamou a atenção, mais uma vez, para a insatisfação com o transporte público.
O Governo do Estado, diante disso, teve que tomar uma postura e soltou os cachorros, digo, a polícia, para enfrentar os manifestantes que ocupavam as ruas. Resultado: tiros de borracha foram disparados (acertando quem estava e quem não estava participando do movimento) , bombas de efeito moral foram lançadas “no meio de qualquer um”, isso segundo contam algumas pessoas que por ali estiveram. E, além disso, foram presos mais de vinte cidadãos, com o detalhe que entre os presos tinham pessoas que não faziam parte do movimento.
Bom, usar munição sem saber em quem, atirar para onde o nariz aponta, é um sintoma, cômico, do despreparo dessa polícia, o que denota o descaso do Governo em realmente investir na qualidade de segurança, aliás, na qualidade de qualquer coisa, afinal, recentemente estavam em greve os professores desse Estado.
No dia seguinte, depois de muita crítica pelo excesso de força utilizado pela PM, o Governo resolveu mudar de atitude e liberar o protesto, coisa que na verdade já deveria ser feita, uma vez que tais manifestações são (deveriam ser) garantidas por lei, o que não inclui, é claro, dar permissão ao vandalismo de alguns.
Bem, sabemos que o Governo deve agir dentro da legalidade, o que muitas vezes não consegue. A vantagem para o Governo é que, quando ele erra, para garantir sua soberania, pode se apropriar indevidamente da legislação dizendo que agiu legalmente, pois, ao descer o pau nos manifestantes, afirma, ser em defesa aos direitos dos cidadãos.  De que cidadãos é que não sabemos, afinal, uma polícia que atira bombas no meio de qualquer um, não olha os interesses de cidadão algum, mas, sim, cumpre às cegas as ordens vindas de cima. Isso mesmo, afinal, a supremacia do Governo é garantida por lei e isso se faz por meio da força, que dizer da PM. Sabendo disso os governantes nem sempre são “legais” (no sentido da expressão “bacana”, “mó legal”, saca?), muitas vezes, o que vem a tona é o antigo autoritarismo, resquício do regime militar de que somos herdeiros, afinal, a polícia ainda é militar. E, podem ter certeza, se não fosse a postura crítica de alguns, o Governo Municipal ainda ditaria o princípo do descer o sarrafo em quem se opusesse; e isso, francamente, não é “legal, mora?”.
Pois é, no fim, foi tudo uma grande piada sem graça do Governo e a coisa mais séria que aconteceu foi o protesto, porque quando uma população está insatisfeita, o caminho natural ainda é esse, protestar, e, diante de tanta coisa errada e insatisfatória na cidade de Vitória e mesmo em todo o Estado, vide saúde pública, educação e transporte, o fato é que: protestar é preciso.

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